Estudante do Programa Cientista Aprendiz descobre nova bactéria
A bactéria não patogênica inoculada em biofertilizantes projeta impactos significativos na segurança alimentar.

Na estufa da universidade são analisados os desenvolvimentos das plantas com e sem o biofertilizante inoculado pela bactéria. Foto: Ascom/UEMASUL.
A bactéria denominada de Mycobacterium Agroflorensis foi isolada a partir da interação simbiótica entre fungos e resíduos industriais. O processo da descoberta ocorreu de forma não planejada durante um ensaio de biofertilizante de base orgânica. A mistura dos materiais gerou um ambiente no qual microrganismos interagiram e durante a análise foi isolada uma cepa com características morfológicas e fisiológicas inéditas.
O projeto “Descoberta e aplicação da Mycobacterium Agroflorensis na agricultura sustentável e em sistemas de cultivo controlados” tem a coordenação do professor Zilmar Timóteo Soares e a participação dos estudantes Luis Gustavo Neres, Carlos Fonseca Sampaio e Marinete Neres Ferreira, que fazem parte do Programa de extensão Cientista Aprendiz.

Foto da bactéria Mycobacterium Agroflorensis reproduzida do livro de bordo do projeto. Reprodução: Ascom/UEMASUL.
A bactéria inoculada em biofertilizantes projeta impactos significativos na segurança alimentar, agricultura sustentável e biotecnologia aplicada às ciências planetárias. A cepa demonstrou características únicas, não patogênicas, com elevado poder de fixação biológica de nutrientes essenciais para o crescimento vegetal.
A descoberta de novos microrganismos simbióticos à agricultura sustentável representa um marco na redução de fertilizantes químicos e no fortalecimento da bioeconomia, possibilitando a produção de alimentos em maior escala, com menores custos e de forma sustentável, beneficiando principalmente a agricultura familiar. O agronegócio também se beneficia de sistemas regenerativos de grande escala, ampliando a produtividade e a qualidade nutricional dos alimentos.
A bactéria atua como biofertilizante natural, disponibilizando os nutrientes necessários para o crescimento vegetal: nitrogênio, fósforo, potássio, ferro, potássio e vitaminas essenciais. A validação da cepa passou por várias etapas de caracterização microbiológica e agronômica: isolamento e cultivo; teste bioquímicos e fisiológicos; sequenciamento genético; ensaios em vasos e estufa agrícola; testes em estufa controlada com IoT e experimentos em simulação espacial.
“A pesquisa começou em 2023, e ela é contínua. No momento, a bactéria está em estágio experimental em estufas. E a partir de agora nós iremos trabalhar ela em solo, acompanhando todo o desenvolvimento com os agricultores e depois iremos patentear o projeto. São vários benefícios, o principal deles é para o meio ambiente, diminuindo a fertilização química; o outro é o crescimento radicular bem mais rápido, o que impacta em uma produção mais rápida também. Já fizemos experimentos com milho, feijão e mandioca. O nosso projeto tem três vertentes: a grande indústria, o pequeno agricultor e trabalho em solos extremos como cerrados e desertos. Nosso objetivo é doar para o pequeno produtor, com orientações de como trabalhar, depois que a bactéria for sintetizada em laboratório”, explicou o professor Zilmar.

O estudante Luis Gustavo Neres participa do programa Cientista Aprendiz e é um dos autores da descoberta da nova bactéria. Foto: Ascom/UEMASUL.
O estudante do 3º ano do Ensino Médio da escola Santa Teresinha, Luis Gustavo Neres, participa do programa Cientista Aprendiz e é um dos autores da descoberta. “A descoberta foi feita aqui no laboratório Magno Urbano da UEMASUL. Os estudos estão sendo muito positivos, já que durante as análises, as plantas tiveram um desenvolvimento maior do que o esperado. Essa experiência está sendo incrível e todas as demais que já tive aqui são importantes para minha vida como estudante e futuramente para minha vida acadêmica e profissional, como um grande pesquisador, fazendo descobertas e contribuindo com a humanidade”.
Luis Gustavo Neres irá apresentar a pesquisa de descoberta na nova bactéria no maior evento científico da América Latina, a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (MOSTRATEC), que será realizada de 27 a 31 de outubro, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul.
O programa de extensão Cientista aprendiz, coordenado pelo professor Zilmar Timóteo, proporciona atividades de pré-iniciação científica para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. O programa nasceu do interesse dos alunos pelas atividades de laboratório e pelas diferentes áreas da pesquisa científica. Focado em aprimorar as habilidades científicas dos participantes, e em propiciar a vivência real dentro da área de pesquisa e desenvolvimento, o Cientista aprendiz é uma oportunidade para o desenvolvimento de projetos de investigação com o uso de metodologia científica. Desenvolvido desde 2017, cerca de 450 estudantes já participaram do programa nos laboratórios de ensino e de saúde do Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas (CCENT).
Texto: Mari Marconccine
Fotos: Ascom/UEMASUL.
Assessoria de Comunicação/UEMASUL
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