Realizada a última etapa da escuta pública para criação de universidade indígena
As escutas públicas, coordenadas pelo coletivo de lideranças dos povos originários, Instituto Tukàn, vêm sendo realizadas desde 2024 com o objetivo da criação da primeira universidade do Brasil em território indígena.

O evento reuniu a ministra dos povos indígenas, lideranças indígenas, mestres dos saberes tradicionais, pesquisadores, gestores públicos e representantes do Governo Federal. Foto: Ascom/UEMASUL.
Na última quarta-feira, 30, a reitora, Luciléa Gonçalves e o pró-reitor, José Milton Pinheiro, participaram da etapa final das escutas públicas para a criação da primeira universidade indígena do país, que será criada no território Araribóia, município de Amarante. O evento reuniu a ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, lideranças indígenas, mestres dos saberes tradicionais, pesquisadores, gestores públicos e representantes do Governo Federal, reafirmando o compromisso coletivo com uma educação superior plural, inclusiva e enraizada nos saberes dos povos originários.
As escutas públicas, coordenadas pelo coletivo de lideranças dos povos originários, Instituto Tukàn, vêm sendo realizadas desde 2024 com o objetivo da criação da primeira universidade do Brasil em território indígena, e são resultados da parceria entre instituições de ensino, do Centro de Saberes Tenetehar Tukàn e do Governo do Maranhão, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). A iniciativa da criação da universidade irá garantir aos povos indígenas um espaço de ensino e pesquisa, junto às suas realidades, saberes tradicionais e visões de mundo.
“O governador Carlos Brandão teve uma sensibilidade muito grande ao escutar as comunidades. Desta forma, o programa irá respeitar a cultura, os conhecimentos relacionados ao meio ambiente, às questões linguísticas das diversas comunidades indígenas do Maranhão. As instituições públicas serão parceiras, UEMA, UEMASUL, IFMA e IEMA, cada uma com suas responsabilidades, de acordo com o que desenvolvem. Nós, como UEMASUL, temos muitas comunidades indígenas em nossa área de abrangência, já estávamos observando e trabalhando para atendê-las, e agora com esta ação coordenada continuaremos atuantes”, destacou a reitora Luciléa Gonçalves.

A reitora Luciléa Gonçalves falou aos presentes sobre a parceria da UEMASUL, colocando-se à disposição para as comunidades indígenas e iniciativas de educação. Foto: Ascom/UEMASUL.
A primeira escuta foi realizada em outubro de 2024, marcando o início oficial do processo, a segunda escuta foi realizada em fevereiro de 2025, na Aldeia Zutiwa e a terceira, em maio de 2025, com participação de mais de 80 representantes indígenas.
“Nesse processo inicial, foi fundamental para nossos professores e alunos participarmos de vários momentos como seminários, palestras, visitas no museu, intercâmbio entre professores e alunos apresentações culturais, disseminação da cultura no campus da UEMASUL. As próximas etapas são trabalharmos juntos as parcerias com os cursos a médio e longo prazos, nos projetos de pesquisa e de extensão”, afirmou o presidente do Instituto Tukàn, Cacique Sílvio Guajajara.

A ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara reafirmou a importância do ensino superior e a valorização das comunidades tradicionais. Foto: Ascom/UEMASUL.
A implantação da universidade indígena Tenetehar reforça a posição do Maranhão como um estado pioneiro na inclusão e no respeito à diversidade cultural. A construção dessa instituição representa um avanço significativo na democratização do ensino superior e na valorização das comunidades tradicionais, criando um ambiente acadêmico que une ciência, tecnologia e os conhecimentos milenares dos povos originários.
Com o apoio do Governo do Maranhão, por meio da FAPEMA, da UEMA e da UEMASUL, o projeto segue avançando com base em um processo construído de forma participativa e sustentado por dados concretos que evidenciam a diversidade e a presença significativa dos povos indígenas no estado. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, o Maranhão possui 57.214 pessoas que se autodeclaram indígenas, representando 0,84% da população estadual. Esse número coloca o estado na 8ª posição entre os maiores contingentes indígenas do Brasil.
Histórico
Em abril de 2022, durante a programação do “Abril Indígena”, promovida pelo Centro de Pesquisa em Arqueologia e História Timbira (CPAHT), o cacique Sílvio Guajajara e Fabiana Guajajara apresentaram para a reitora Luciléa Gonçalves, professores e técnicos administrativos, o projeto que estavam idealizando para a construção do Centro de Saberes Tenetehar Tukàn.
No dia 11 de outubro de 2023 ocorreu o lançamento da Pedra Fundamental na sede do Instituto Tukàn, próximo a aldeia Lagoa Quieta, no município de Amarante do Maranhão, também com a participação da reitora e servidores da UEMASUL. Desde 2022, a universidade e o instituto são parceiros na construção de políticas e projetos de educação no contexto indígena.